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uma longa história

doida e doída

uma longa história

doida e doída

29 de Janeiro, 2023

É domingo e é isto que tenho para dizer

Os amigos afastaram-se e eu também não fui atrás. Sinto-me sozinha... Muito sozinha. Não tenho uma conversa em condições há algum tempo. Não falo sobre o que sinto há mais tempo ainda. Tenho escrito e é o que me vale, mas escrever é sinónimo de me humilhar. Sinto-me, portanto, sozinha e humilhada. Queria uma companhia não passageira. Alguém que gostasse o suficiente para ficar.

 

Não sou de gastar dinheiro à toa. Foi-se o tempo em que ia ao cinema duas, três vezes por semana. Aliás, nem faço ideia de quais filmes estão atualmente em exibição, até porque não tenho propriamente companhia para os ir ver e toda a gente sabe que giro é ir acompanhada para trocar opiniões no final. No entanto fui ao shopping e comprei dois vestidos. Na loja assentaram-me que foi um mimo, em casa pareço um chouricinho. Que magia negra é que aqueles cabrões botam nos espelhos dos provadores, que tudo parece ter sido feito à nossa medida?

Também comprei um creme para ver se esta pele melhora, que isto de tomar duches a pegar fogo dá cabo de mim (e das paredes da casa-de-banho).

Na sexta fui à consulta de controlo do aparelho. Deixei lá uma quantia absurda de dinheiro, como todos os meses, e mais um pedaço da minha alma. Agora nem um pãozinho consigo comer em condições.

 

Estou a ler Orgulho e Preconceito. A única coisa que aconteceu até agora foi que a Elizabeth e o Mr. Darcy dançaram um com o outro há um par de capítulos. Só. Apenas. Unicamente. Tão somente. E porra, eu leio para fugir à pasmaceira que é a minha vida! Mal posso esperar pelas partes boas e cativantes da história; sei que vou adorá-las e certamente desenvolver um encanto especial pela personagem mais orgulhosa das histórias de amor.

 

Ontem fui para a cama banhada em lágrimas porque à uma da manhã estava a ver vídeos de soldados que voltaram para casa de surpresa. No embalo também vi um pedido de casamento num concerto da Taylor Swift ao som da Love Story, que é uma das minhas canções favoritas da vida. Eu, que detesto pedidos de namoro/casamento públicos, emocionei-me e pensei "nossa, este gajo é um génio!". E é! Caramba, é mesmo!

 

Dormi mal. Dormi mal porque com três camisolas, um robe, um lençol e um cobertor tive frio. A falta que faz um maridão para adormecer de conchinha comigo é abismal e nota-se especialmente em noites frias como a que passou. Mas dormi encostadinha à minha cadela, que é a minha maior riqueza.

 

Dei por terminado o meu dia com um banho quente e demorado enquanto via o sol se pôr pelo vidro da janela semi-aberta. Foi o tempo da máscara atuar e a risca rosa alaranjada que roçava os prédios lá muito ao fundo sumiu, dando lugar a um céu de tom perfeitamente escuro. A lua já espreitava antes, mas foi então que se tornou bastante evidente. E para que conste as poucas estrelas que vi estavam lindas daqui.

27 de Janeiro, 2023

Uma carta para ti

Escolhi esta noite para te escrever. Não há nada de especial nesta noite a não ser a minha humilde escolha... E decisão. Mas a essa parte já lá vamos.

Embora já tenha escrito inúmeras vezes sobre ti, e de certa forma até mesmo um pouquinho para ti, desta vez estou mesmo a escrever-te. E escrevo-te como se fosse uma carta passada à mão e deixada no bolso das tuas calças, do teu casaco, ou sei lá, noutro sítio qualquer que te apanhe de surpresa na calma da noite de uma sexta-feira tão comum como todas as outras.

Minto. Na realidade esta sexta-feira por algum motivo remeteu-me a uma outra sexta-feira aqui há tempos. Foi nessa outra sexta-feira que me apanhei a pensar nisto pela primeira vez. Eu de vestido azul e chinelos brancos, na relva de frente para o rio. O sol quentinho a bater-me na cara, nos braços, nas pernas... E eu a aproveitá-lo o máximo possível. Um gelado. Um passeio pequeno de carro com canções antigas que tão bem conheço, ou que não conheço mas pelas quais me apaixono instantânea e platonicamente. Será que as conheces e escutas também?

Nessa sexta-feira dei o meu primeiro sorriso. O mar estava lindo. Eu estava feliz. Tu estavas no meu pensamento - e eu? Costumo estar no teu?

 

Do sorriso passei a questionar-me se estava louca. Parecia muito que estava. E logo depois senti o meu coração rachar com uma resposta que deste a uma pergunta que te foi feita. Provavelmente nem sequer te lembras dessa resposta. Provavelmente eu devia lembrar-me mais vezes dela.

A partir daí foi uma montanha-russa cheia de subidas entusiasmantes, descidas dolorosas e voltas maradas. Agora é como sair dessa mesma montanha-russa: meio desnorteada, ainda com a adrenalina toda mas a precisar de parar um pouquinho.

 

Nunca quis e continuo a não querer dizer-te quem sou. Quero que o vejas. Quero que o descubras nas pequenas coisas. Quero que o leias nas entrelinhas. Quero que o decifres, se já não o fizeste. Porém, não te dizendo quem sou, como bem sabeis tenho a complicação tatuada na alma. Que poço fundo é este que me suga a energia de vez em quando e me transforma na pior gaja que podia sustentar sentimentos por ti? A tua última escolha, porque ninguém quer estar diante do poço, menos ainda quem de lá veio.

 

Deixar-te ver-me é um jogo perigoso. Mas deixar-te ler-me também é. Tu nunca me vais ler do jeitinho que eu escrevo e à partida também nunca me vais ver da forma exacta que sou. No fundo pode até ser que eu te tenha induzido em erro com as minhas palavras vagas. Mas não sei... De alguma forma tenho em mim a garantia cravada de que me lês claramente e sabes que o que escrevo e sinto te pertence. Posso estar redondamente enganada, afinal de contas sou o ser menos apto para decifrar pessoas, e apesar de adorar as palavras, a verdade é que nem sempre as utilizo da forma mais clara. É muito por isso que te escrevo agora: para que saibas, se não sabias já, que és tu. És tu há algum tempo. E é também por seres tu que tem doído. E quanto maior a tua inércia face à minha dor, mais magoada eu fico. No entanto, acho que finalmente entendi o porquê das coisas serem como são. Só queria ouvi-lo. Só queria ouvir-te dizer-me tudo. Porque sabes, gestos são bonitos e eu adoro-os, mas também preciso de palavras. E mereço-as. Caraças, eu mereço-as.

 

Se não ficou claro através de todas as pequenas notas que fui deixando por aqui, e de todas as pequenas outras coisas: estou inevitavelmente apaixonada por ti. Guarda, então, esta carta e todo o meu carinho; escrevi-te para que não tivesses dúvidas tolas como estas que trago entaladas na garganta. Mas não te volto a escrever. Não posso escrever-te mais, nem continuar a tentar. Por isso agora é contigo e só contigo. Apressa-te antes que eu me recolha e decida não te querer mais, nunca mais. Apressa-te que apetece-me mesmo muito ir ver as estrelas.

25 de Janeiro, 2023

Não consigo dormir (nem entender)

Tenho passado os dias e mais ainda as noites com esta vontade absurda de chorar. Não nego: faço-o. Sinto-me tão incompreendida, tão perdida, tão sozinha, tão estúpida... 

 

Está a doer. Está a doer agora como doeu ontem e como vai doer amanhã, porque os dias passam e em mim mantêm-se todos estes sentimentos tolos, todas estas vontades idiotas. Nada se altera. Sou lida com total indiferença, ou então totalmente mal. E palavra de honra que não sei qual das duas possibilidades me fere mais... 

22 de Janeiro, 2023

As estrelas devem estar lindas

Que bonito seria se tu sentisses e arriscasses por mim. Podiamos ir ver as estrelas juntos. Ouvir e acompanhar de forma desafinada canções na rádio de frente para o mar. Falar a sério sobre coisas "nada a ver" e cair na gargalhada logo a seguir.

Que bonito seria os dois juntinhos, cada um de roda dos seus próprios pensamentos. Eu a tentar adivinhar os teus, como é habitual. Tu a ler os meus sem esforço algum.

Que bonito seria para ambos. Preciso muito de ser salva e sinto que tu também. E para mim não há dúvidas: só algo tão puro e mágico como o amor tem capacidade para tal.

Mas não há esperança para mim. Se calhar gostas de ver as estrelas sozinho... Força do hábito, quiçá. Se calhar tens melhor companhia para ouvir e acompanhar canções aleatórias. Se calhar preferes evitar conversas sérias e já és apaixonado por uma gargalhada específica.

E eu, meu bem, fico aqui a remoer por dentro. Escrevo enquanto ouço canções, como se elas me transformassem a escrita. Escrevo enquanto choro devagarinho porque dói um pouquinho saber que as estrelas devem estar lindas e nem sequer te passa pela cabeça vê-las comigo.

14 de Janeiro, 2023

Vou só ali à janela gritar todas as asneiras que conheço

Arranquei as páginas do diário e deitei-as fora. Agora é só um caderno preto novamente vazio de letras, sentimentos e segredos que ainda guardo (temporariamente) na mochila que já nem sequer utilizo.

 

Como confessei aqui na altura, a primeira entrada do diário era uma pergunta. E como já não tenho nada a perder (muito menos a ganhar), a pergunta era "será que estou apaixonada?". É, eu sei, sou mesmo menininha. Arranjei uma resposta para essa pergunta algum tempo depois. Vá, eu já tinha a resposta antes mesmo de (me) fazer a pergunta, mas vamos, por favor, fingir que não.

Acontece que, após o texto sincero que escrevi ontem, dediquei (e dedico) este fim-de-semana a deixar-me de merdas. Basicamente é isso. O que sinto não vai desaparecer instantaneamente segunda-feira à meia-noite em ponto, nem quando eu estalar os dedos, nem quando uma fada madrinha lançar directamente da sua varinha mágica para a minha cabeça glitter - oh, ora bolas, esqueci-me que não sou uma princesa da Disney.

Como referi (e bem) no meu desabafo anterior, respeito muito os meus sentires; deixo que eles existam e convivo bem com eles. Mas no meio disto tudo, uma das coisas que sinto é que estou a ser ridícula. Tenho a ligeira sensação de que no fundo isto tudo é apenas uma piada e eu não gosto de estar vulnerável, exposta deste jeito. Arrisquei muito porque sou esse tipo de pessoa. Sou o tipo de pessoa que arrisca e que quando sente, só vai. Mesmo que efectivamente não me tenha atirado de cabeça. É que os vinte e seis trazem, apesar de tudo, uma lasquinha de noção - graças a Deus, que eu sozinha já sou este perigo iminente que se vê.

 

Estou bem. Triste, sim... Inquieta também. Porquê? Porque foi difícil confessar, ainda que por meias palavras, o que sinto. Foi, aliás, difícil perceber o que sentia em primeira instância. E agora está a ser difícil porque ao que parece o meu frágil coração de gaiata iludiu-me e eu vi coisas que não existiam...

13 de Janeiro, 2023

(A) cair a pique

Respeito muito os meus sentires. Todos eles. Os bons, os maus, os duvidosos. Respeito muito os meus sentires, até quando eles não fazem sentido algum. Se calhar especialmente quando eles não fazem sentido algum.

Adoro ser alguém que sente neste nível insano, embora muitas noites dê por mim cansada; sentir assim, com cada átomo do corpo, é exaustivo.

 

Enamorei-me. Com vinte e seis anos uma gaja já não tem medo de usar essa palavra. Mando para o ar um "as coisas são o que são, foda-se" e largo uma gargalhada como se fosse a coisa mais natural do mundo. E não é?

São os detalhes. Serão sempre os detalhes. É neles que me ganham, é neles que me perdem. E eu, que sou este ser que sente e sente e não faz outra que não sentir, levo as coisas a peito. E já sabes: alguém que sente e sente e não faz outra que não sentir não pode, não sabe, não consegue viver de escudo; tudo o atinge como um raio.

Foi mesmo isso. Fui atingida por um raio. No momento da explosão a luz em vez de me cegar teve o efeito contrário. E isso, digo-te com toda a verdade que carrego neste meu corpinho oikos, foi a porra de um soco em cheio no estômago.

Como é que eu pude ser tão tonta? A garganta fechou. Senti o ar escapar. A minha vontade era desabar em lágrimas; elas chegaram mesmo a formar-se! Mas o que fiz? Ri, e brinquei, e fiz o meu melhor papel de atriz. É um clássico. Ainda anteontem escrevi sobre isso, e que fique claro que eu nunca minto no que escrevo!

 

Por isso, e muito honestamente, neste momento estou aqui, sentada em frente a uma tela, de pijama e robe, cabelo apanhado desde manhãzinha por uma mola e desanimada. Muito desanimada. Mas aceito o que sinto e não vou tentar não o sentir; tal acto seria contra a minha natureza. Sou sincera até demais e talvez peque por isso, mas é a minha essência de menina a falar mais alto. É o que sou: menina. E meninas sonham demasiado alto.

11 de Janeiro, 2023

Diz-me tu

Passa das onze e meia. Estou com cólicas demoníacas. Tenho sono, mas não consigo dormir. Não li antes de me deitar porque não fui capaz de desligar os pensamentos. Também não escrevi mais cedo (embora tenha tentado) porque eles estavam demasiado intensos.

 

Há dias em que está tudo bem... Em que eu estou bem. Controlo o que sinto como se as minhas estruturas não tremessem por todos os lados, na maior cara de pau de sempre; não sou atriz mas garantidamente mereço um óscar. Só que depois... Depois há dias, ou noites, em que me sinto farta. Apetece-me tirar a máscara e respirar, simplesmente porque detesto este limbo. Detesto caminhar sobre a corda como se fosse o piso mais estável já inventado. É injusto. É injusto que eu me deixe aqui, por palavras, desarmada, enquanto não sei nada do que se passa aí dentro, desse lado. É injusto porque ao não ter respostas, invento-as... E na minha cabeça a realidade é esta: eu devia arrancar o que sinto à dentada, lutar contra ele na areia e afogá-lo sem piedade até que vire nada. Porém... Há o lado da menina sonhadora que afirma que talvez, só talvez, eu não o deva fazer. Que talvez, só talvez, se eu esperar um pouco mais, pode ser que algo aconteça. Mas já estou à espera há tanto tempo. E ao constatar tal facto, desanimo novamente e volto à estaca zero.

 

Diz-me tu, por respeito, por carinho ou por pena: o que faço com o que sinto? 

06 de Janeiro, 2023

Vou escrevendo

Às vezes apetece-me dizer mais... Pedir o que quero. Mas no intervalo de tempo em que as palavras se formam na minha cabeça e os meus lábios se separam para que elas saiam, tu segues. E eu engulo o que não digo e o pedido que não faço, e sorrio como se não tivesse nada para dizer, ou pior: como se já tivesse dito tudo. Então vou escrevendo. Vou escrevendo porque é mais a minha cena. Vou escrevendo porque não tenho jeito para as palavras faladas: atropelo-as e elas atropelam-me a mim. Vou escrevendo porque me conheço bem o suficiente para saber que não me sei expressar de outro jeito. E assim, escrevendo, sempre vou dizendo qualquer coisita, embora termine os textos numa angústia que me divide: disse demais, mas não disse tudo o que me apetecia.

04 de Janeiro, 2023

Eu sou só uma rapariga

Não avanças, mas vais sondando como quem testa as águas antes de mergulhar. Não avanças, mas procuras recorrentemente nas minhas palavras o conforto de saber que é para ti que escrevo. Não avanças, mas sabes que te espero e que às vezes esperar (me) dói.

Eu sou só uma rapariga que escreve às três pancadas (sobre) o que está a sentir. Sou só uma rapariga que se encanta com as pequenas coisas (e que se desencanta na mesma velocidade, com coisas ainda mais pequenas). Sou só uma rapariga confusa, que deixas confusa sem te aperceberes. Ou é de propósito? Ou vais sondando como quem testa as águas antes de mergulhar, mas não avanças porque não fazes questão de te banhar no meu mar? Ou procuras recorrentemente nas minhas palavras o conforto de saber que é para ti que escrevo, mas não avanças porque não falamos a mesma língua? Ou sabes que te espero e que às vezes esperar (me) dói, mas não avanças porque te é indiferente ter acesso à nudez dos meus sentimentos?

Eu sou só uma rapariga... Não podes ceder?