É domingo e é isto que tenho para dizer
Os amigos afastaram-se e eu também não fui atrás. Sinto-me sozinha... Muito sozinha. Não tenho uma conversa em condições há algum tempo. Não falo sobre o que sinto há mais tempo ainda. Tenho escrito e é o que me vale, mas escrever é sinónimo de me humilhar. Sinto-me, portanto, sozinha e humilhada. Queria uma companhia não passageira. Alguém que gostasse o suficiente para ficar.
Não sou de gastar dinheiro à toa. Foi-se o tempo em que ia ao cinema duas, três vezes por semana. Aliás, nem faço ideia de quais filmes estão atualmente em exibição, até porque não tenho propriamente companhia para os ir ver e toda a gente sabe que giro é ir acompanhada para trocar opiniões no final. No entanto fui ao shopping e comprei dois vestidos. Na loja assentaram-me que foi um mimo, em casa pareço um chouricinho. Que magia negra é que aqueles cabrões botam nos espelhos dos provadores, que tudo parece ter sido feito à nossa medida?
Também comprei um creme para ver se esta pele melhora, que isto de tomar duches a pegar fogo dá cabo de mim (e das paredes da casa-de-banho).
Na sexta fui à consulta de controlo do aparelho. Deixei lá uma quantia absurda de dinheiro, como todos os meses, e mais um pedaço da minha alma. Agora nem um pãozinho consigo comer em condições.
Estou a ler Orgulho e Preconceito. A única coisa que aconteceu até agora foi que a Elizabeth e o Mr. Darcy dançaram um com o outro há um par de capítulos. Só. Apenas. Unicamente. Tão somente. E porra, eu leio para fugir à pasmaceira que é a minha vida! Mal posso esperar pelas partes boas e cativantes da história; sei que vou adorá-las e certamente desenvolver um encanto especial pela personagem mais orgulhosa das histórias de amor.
Ontem fui para a cama banhada em lágrimas porque à uma da manhã estava a ver vídeos de soldados que voltaram para casa de surpresa. No embalo também vi um pedido de casamento num concerto da Taylor Swift ao som da Love Story, que é só uma das minhas canções favoritas da vida. Eu, que detesto pedidos de namoro/casamento públicos, emocionei-me e pensei "nossa, este gajo é um génio!". E é! Caramba, é mesmo!
Dormi mal. Dormi mal porque com três camisolas, um robe, um lençol e um cobertor tive frio. A falta que faz um maridão para adormecer de conchinha comigo é abismal e nota-se especialmente em noites frias como a que passou. Mas dormi encostadinha à minha cadela, que é a minha maior riqueza.
Dei por terminado o meu dia com um banho quente e demorado enquanto via o sol se pôr pelo vidro da janela semi-aberta. Foi o tempo da máscara atuar e a risca rosa alaranjada que roçava os prédios lá muito ao fundo sumiu, dando lugar a um céu de tom perfeitamente escuro. A lua já espreitava antes, mas foi então que se tornou bastante evidente. E para que conste as poucas estrelas que vi estavam lindas daqui.